School of Sufi Teaching

Escola de Ensinamento Sufi

Práticas Naqshbandi, Mujaddidi, Chishti, Qadiri e Shadhili

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Relato pessoal de uma estudante da Austrália

Quando conheci o sheykh Sufi que se tornaria meu guia espiritual, eu tinha pouca noção de que o caminho em que eu estava embarcando me conduziria a uma nova forma de ser e a uma nova fé. Isto se revelou natural e progressivamente no decorrer de vários anos.

Minha juventude foi bastante dissoluta, na busca de um estilo de vida hedonista típico dos anos 70. Com vinte e poucos anos, sentia um vazio e uma insatisfação interna que não podiam ser apaziguados. Depois de muitos anos de leitura sobre vários sistemas de desenvolvimento espiritual, decidi que estava na hora de fazer algo prático. Embarquei então em um estudo intensivo de ioga que incluía estudos teosóficos. Com o passar do tempo tornei-me mais focada, mais disciplinada e decididamente mais flexível! Contudo, ainda ansiava algo que não podia definir.

Já perto dos quarenta anos, concluí que para progredir no caminho espiritual é necessário a orientação de um guia. Um viajante em terra desconhecida tem mais chance de chegar ao seu destino segura e diretamente quando acompanhado de alguém que já conhece o lugar. O mesmo se aplica ao aspirante espiritual. Com isso em mente, fiz um apelo sincero aos céus para que me enviasse um professor genuíno.

Meu treinamento anterior contribuiu para melhorar meu estilo de vida, mas não estabilizou minha natureza emocional inconstante, nem desenvolveu um ingrediente essencial que me faltava…o amor.

Fiquei impressionada com o que li sobre o Sufismo (também chamado misticismo islâmico), com suas técnicas práticas para desenvolver o ser humano completo. Essas técnicas foram desenvolvidas durante séculos e transmitidas ao estudante sempre sob a orientação de um sheykh – pessoa que realizou a jornada e chegou até o final. Algumas semanas após meu ultimato aos deuses, um amigo mencionou que um sheykh Sufi visitaria Melbourne e tinha disponibilidade de horário. Parecia que meus apelos desesperados haviam sido atendidos.

Sheykh Azad Rasool sentou-se no chão em um aposento de mobília simples em um bairro de Melbourne. Eu estava cheia de expectativa e ansiedadade. O que ia dizer a este homem de outra cultura e tradição, e que nunca tinha visto antes? Talvez ele pudesse ler meus pensamentos e ver a escuridão que estava no meu interior. Não deveria ter me preocupado; o Sheykh estava acostumado com estudantes ocidentais e sem dúvida já viu de tudo! Fiquei impressionada com o ar generoso que emanava dele e seu modo relaxado, porém atento. Seus olhos e seu rosto irradiavam uma luz interna que desmentiam sua idade.

Depois de nos apresentarmos, ele me indicou que sentasse e mergulhou em um silêncio reflexivo. Eu tive a estranha sensação de que ele me ‘lia’ em um nível sutil. Sentei-me completamente quieta e tentei não pensar em nada, com medo que ele descobrisse minhas imperfeições. Contudo, ele apenas indagou sobre meu interesse nas práticas espirituais e meu desejo de praticar os métodos do Sufismo. Ele falava de forma educada, porém direta. Ele não falava desnecessariamente, era sério, porém bem-humorado – isso para mim foi um grande bônus.   

Com meu consentimento, sentamos para meditar juntos. Essa foi minha primeira experiência de uma transmissão espiritual. Na tradição de ensinamento da tariqa (caminho) Naqshbandi-Mujaddidi do Sufismo, a energia espiritual é transmitida do coração do Sheykh ao coração do estudante. Essa transmissão de energia é fundamental para o desenvolvimento do estudante e é cultivada através da meditação regular. Uma niyat (intenção) é feita antes da meditação, a qual focaliza no coração.

Essa primeira meditação deixou-me calma, porém exultante. Senti-me diferente do meu eu cotidiano, como se tivesse sido colocada em contato com algo mais elevado e profundo. O sheykh impressionou-me com sua presença calma, sua maneira aberta e direta e seus comentários perceptivos. Ele não me pediu nada – eu podia tentar a técnica de meditação e ver se dava certo ou poderia simplesmente sair fora. Lembrando da luz em seu rosto e em seus olhos, decidi tentar.

Pratiquei a meditação diariamente, comparando-a com outros métodos que já havia tentado antes. Conforme previu o Sheykh, após algumas semanas uma prática teve precedência sobre as outras. A meditação no coração tornou-se minha nova prática – ela parecia ser a promessa do que eu estava buscando. Fiz minha escolha e ingressei no caminho do Sufismo.

O próximo encontro com o Sheykh aconteceria doze meses depois, em sua próxima visita. Nesse ínterim, continuei com as práticas diárias e meditei com outros estudantes do grupo do Sheykh semanalmente. O grupo consistia de pessoas com diferentes profissões, idades e personalidades. Entretanto, o que me impressionou foi o auto-domínio sereno e a auto-aceitação descontraída do grupo. Estavam à vontade consigo mesmos e muito confortáveis com o silêncio. Este não era um clube social, mas sim uma oportunidade de reunir-se com outras pessoas e usufruir da experiência conjunta da meditação em grupo.

Passariam dezoito meses até meu próximo encontro com o Sheykh. Nesse intervalo fiquei muito angustiada com o fim de um relacionamento e percebi que pela primeira vez eu estava realmente lidando com eventos na minha vida – antes disso, eu evitava assumir responsabilidades pelas minhas ações e era incapaz de aprender com os acontecimentos. Entendi minha própria natureza e fui dominada pela descoberta de que era amada. Apesar da natureza dramática da minha vida pessoal, senti que mesmo com minhas hesitações eu estava no caminho certo.

O Sufismo é experiencial. Enquanto algumas experiências são únicas ao indivíduo,  outras são comuns à maioria das pessoas. Com a prática regular da meditação, conectei-me com uma parte do meu eu que era independente das minhas emoções instáveis e da constante tagarelice da minha mente. Esta descoberta me proporcionou uma sensação de paz e calma interior, o que gradualmente gerou uma perspectiva mais positiva da vida e melhorou meu relacionamento com as pessoas. Notei que minha relação com meus pais, sempre muito complicada, melhorou nitidamente, assim como minhas interações com amigos e colegas. Era como se o ego estivesse gradualmente abdicando da necessidade de dominar.

Com a proximidade da chegada do Sheykh, eu estava tomada por uma ansiedade evidente e a palpitação em meu coração crescia. O desejo de progredir aumentava e senti que necessitava de mais compreensão e conhecimento internos. Eu sabia que alguns dos membros ‘mais antigos’ do grupo converteram-se ao Islã – o que para mim não havia a menor possibilidade. As mulheres não usavam lenços na cabeça nem se vestiam de forma especial e os homens pareciam pessoas comuns da sociedade. Todos exibiam uma integridade e certeza que eu invejava – como se soubessem de algo que eu não sabia….algo importante.

Conforme o estudante avança no caminho do Sufismo, mais experiências e conhecimentos são revelados. A estrutura do Islã respalda e nutre as práticas internas e as acomodam em lugar seguro. O Islã promove também um senso de humildade e conexão com o Divino. Islã significa submissão – submissão a Alláh / Deus. Eu não tinha intenção de abraçar uma nova fé, mas foi exatamente o que fiz. Quando decidi adotar o Islã e fazer o bayat (o ritual de aceitação do Sheykh como guia e ficar sob a proteção da linhagem da ordem), eu estava tomada por uma sensação de doce alívio e veneração. Senti-me elevada e sabia, no meu coração, que acabara de dar o passo mais importante da minha vida.

O estudante do Sufismo não deixa o mundo nem se esquiva das responsabilidades cotidianas. Pelo contrário, ele trabalha constantemente no refinamento de sua natureza através da interação diária com o mundo e ao mesmo tempo está consciente da conexão interna com o Divino. A prática do Islã cultiva uma consciência do relacionamento com Deus e um consequente senso de gratidão e humildade. O Islã promove um estilo de vida ordenado, humilde e lindo, mas não renega conquistas pessoais. A realização do potencial e desenvolvimento da pessoa completa é integrante ao Sufismo e ao Islã. As duas disciplinas são de fato um todo que cultiva nossa natureza interior e exterior.

As práticas iniciais da tariqa Naqshbandi-Mujaddidi não exigem que o estudante adote o Islã. Essa é uma decisão individual, que geralmente é feita quando a sede pelo Divino torna-se maior do que as demandas do ego. Minha nova fé não foi a aceitação de uma cultura diferente ou o uso de roupas e costumes estranhos; foi a renovação diária da afirmação do amor e benevolência essenciais presentes em toda a criação e é a natureza do Criador. Isso conduz ao crescimento de uma fé natural no propósito e significado da vida, mesmo quando eventos nos dominam e estão fora de nossa compreensão e visão limitada.

Os altos e baixos emocionais transformaram-se gradualmente em uma abordagem mais calma da vida e seus desafios. Minha tendência depressiva e pessimista também se transformou em uma atitude mais positiva, que é mais inclusiva e vai além do óbvio. As pessoas sempre dizem o quanto estou relaxada e calma, o que antes não era evidente. Essas mudanças na natureza da pessoa também afetam os outros, criando conexões mais significativas e mais empatia.

Minhas anteriores orações de desesperança são agora de agradecimento. Tenho mais capacidade de ‘viver conforme a vida’, com seus altos e baixos. Devo tudo ao meu Sheykh, cuja orientação continua a conduzir-me à constante expansão das formas de ser e quem me mostrou o caminho da paz interna e sua expressão exterior – o amor em ação. O Sufismo islâmico continua sendo relevante e eficaz para as pessoas do munto atual como foi no passado.

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